Páginas

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ter ou não ter crise!... (Artigo de Dias Ferreira no Record de 29 de Agosto de 2009)

Crise não é ficar vários anos seguidos abaixo do segundo lugar. Crise é ficar esses mesmos anos no segundo lugar. Crise é ir às pré-eliminatórias da Liga dos Campeões; não é crise ir às pré-eliminatórias da Liga Europa. Crise é ganhar alguns títulos, pouco importantes para uns; não é crise ter apenas um título, muito importante, oferecido!

Crise é pensar num futuro sustentado; não é crise navegar à vista e ao sabor dos acontecimentos. Não é crise realizar eleições quando convém. Crise é cumprir a lei, os estatutos e a ética. Crise é prometer o que se pode; não é crise prometer o que se não sabe se se pode cumprir.

Não é crise ir ao campo do adversário à pedrada para conseguir um título; crise são meia dúzia esperar uma equipa para a insultar.

Não é crise gastar hoje tudo daquilo que se vai receber amanhã. Crise é ter os pés assentes no chão e gastar hoje aquilo que se pode gastar. Crise é perder 7 milhões de euros por não entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões; não é crise não ter a possibilidade de os perder. Crise é empatar quatro jogos na Liga dos Campeões, dois dos quais com o quarto classificado do pouco importante campeonato italiano (e num deles fortemente prejudicado pela arbitragem). Não é crise disputar dois jogos na Liga Europa, perdendo apenas um, com uma das equipas mais fortes de um dos campeonatos mais seguidos e interessantes da Europa.

Não é crise mudar de treinador como quem muda de camisa; crise é manter o treinador para se sustentar um projecto. Não é crise importar estrangeiros a rodos todos os anos; crise é procurar formar jogadores nacionais e aguentá-los o mais que a crise nacional e internacional permitir. Não é crise chamar à Selecção Nacional Pepe e Deco; crise é chamar Liedson!

Haver treinadores desempregados não é crise. Crise é Paulo Bento estar há quatro anos no mesmo clube. Haver jogadores portugueses desempregados não é crise. Crise é disputar jogos da Liga dos Campeões com oito ou nove jogadores portugueses e da formação própria.

Não é crise haver insegurança e crimes todos os dias; crise é a "violação" dos direitos dos criminosos e, de vez em quando, um polícia dar um tiro num assassino. Não há crise na justiça quando se levam anos a julgar casos; a crise é nos Estados Unidos onde em meia dúzia de meses se julga um dos maiores escândalos financeiros.

Não há crise nas famílias, nem de valores materiais, nem morais, crescendo de uma forma galopante o número de divórcios e separações. Crise profundíssima resulta do facto de não haver casamento entre pessoas do mesmo sexo. Crise é procurar aumentar e unir a família. Não é crise haver um défice de natalidade.

Só uma coisa não sei se é crise ou não: haver cada vez um maior número de tipos que não sabem o nome do pai ou andam à procura da mãe!...

Sem comentários:

Enviar um comentário