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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

“O Peso da Palavra” – Crónica de Pedro Faleiro da Silva para sportingapoio.com

 

Terá sido dos fins de semana mais conturbados da História do Sporting. Desde a demissão de Paulo Bento, Pedro Barbosa e Miguel Ribeiro Telles às marcantes conferências de imprensa que se lhe seguiram.

Para Paulo Bento, em particular, umas palavras: o melhor elogio que lhe posso fazer é que não esperava outra coisa que não fosse uma saída com a dignidade e carácter com que desempenhou o seu cargo de treinador do clube. Assim foi!

Confesso a minha estupefacção pelas palavras do Presidente do Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal. Ainda hoje assim o sinto! Totalmente inacreditável (e inaceitável).

Desde as eleições que digo que, em nome da paz no clube, se deviam evitar as expressões de carácter divisionista. Disse-o em público, em privado e nos locais competentes – Assembleia Geral e Conselho Leonino. Pedi igualmente para se parar com as insinuações constantes, gerais e sempre sem apontar o dedo em concreto a algum destinatário. Evidentemente houve quem não aceitasse tais sugestões.

José Eduardo Bettencourt não sabe o real significado da palavra “terrorista”. É o que me apraz dizer sobre a utilização de tal palavra para caracterizar seja quem fôr, no âmbito desportivo.

O único terror que conheço, no âmbito sportinguista, é o aumento do passivo do Sporting para os níveis de hoje – 380M€ e para a aparente despreocupação em aumentar os activos do clube.

Não é altura para desperdiçar activos. Cada sócio, enquanto real património do clube, é um crucial activo da organização. É claro, portanto, que ninguém será expulso de sócio! Se algum dia entrássemos por esse caminho, teríamos que incluir na lista todos os que se recusam (por alguma razão que é desconhecida do público!) a realizar uma auditoria a todas as empresas do grupo nos últimos 15 anos, bem como todos os que levaram alguns sócios a querer essa dita auditoria. Seria uma lista infindável…

Quem presta declarações públicas, quem tem peso institucional no clube deve medir toda e qualquer palavra dita, pelo impacto que as mesmas têm no clube.

A reformulação da estrutura do futebol teria sido, a meu ver, uma enorme oportunidade para “virar a página”, agradecer a quem saiu, preparar este novo ciclo englobando todos no projecto. Parece-me que, mais uma vez, seja por falta de visão estratégica ou por falta de vontade, perdeu-se essa oportunidade.

O Sporting Clube de Portugal precisa de paz. Tal como frisei na última AG.

Mas precisar de paz não significa “unanimismo”. Significa respeito pela opinião alheia, contrária ou não à nossa.

Precisa de serenidade e de razão na gestão, em resposta à saudável emotividade dos adeptos.

Sei bem o que conversei com José Eduardo Bettencourt na altura da campanha, onde me foi pedido menos emoção e mais razão (não me parece que seja uma inconfidência). Hoje retribuo as palavras.

Cada vez mais dou comigo a pensar se José Eduardo Bettencourt, com estas declarações, não está a procurar uma forma de sair…

Espero que não. Os mandatos são para serem cumpridos! Sempre frisou, em campanha, ter carta de pesados para conduzir este camião TIR. Hoje sinto o camião seguir desgovernado nesta auto-estrada, em grande velocidade. É tempo do motorista “acordar” para evitar o despiste, que pode ser violento para a organização.

O meu desejo e, creio, o de todos os sportinguistas é que o camião siga na auto-estrada e, de preferência, na faixa da esquerda ultrapassando os demais.

Mas para esse objectivo ser conseguido, José Eduardo Bettencourt terá necessariamente que conjugar os verbos Unir, Pacificar, Revitalizar.

Será que ainda vai a tempo?

Saudações Leoninas,

Pedro Faleiro Silva

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